Nota do Diretor sobre “Chacal: Proibido Fazer Poesia”

Chacal, Cinema, Diretor, Ensaio, Filmes, Literatura

 

Por Rodrigo Lopes de Barros

(Publicado em Revista Pessoa, 30 de outubro de 2015. http://goo.gl/wruRz2)

Arrisco dizer: um filme de abordagem quase ficto-etnográfica. Se, como colocaria Jean Rouch, é bem possível que os africanos ao realizarem seus filmes vejam outra Paris (bem como os europeus certamente registraram Áfricas distintas das que experimentavam os seus habitantes, digamos, nativos), o que então pode alguém como eu – desenvolvido pelas margens do establishment cultural brasileiro, como um outsider – ver de um movimento literário da Zona Sul do Rio de Janeiro dos anos 1970? Um tempo-espaço que, obviamente, só pode me causar fascínio pela distância, exotismo e alteridade pela maneira que a mim se apresenta, e simpatia pela audácia de se proclamar “marginal”, quando o mais fácil seria seguir o rastro de movimentos e pessoas que hoje estão institucionalizados como alta cultura.

Não me restou saída a não ser trabalhar com esse paradoxo de uma tradição que me é ao mesmo tempo existente e alheia. Chacal: Proibido fazer poesia foi a possibilidade de imersão em questões político-estéticas ainda latentes de como abordar uma certa memória cultural que não está nem totalmente dentro nem completamente fora do que é o “Brasil” predominante ou do que sou eu mesmo – alguém impossibilitado por questões estruturais de possuir qualquer sentimento mais forte de pertencimento ou identificação com esse país e que tampouco pode se desvencilhar completamente dele. 

Chacal: poesia e contracultura

Chacal, Cinema, Crítica, Ensaio, Filmes, Literatura, Reblogging, Resenha

Graúna

Por Kleber Amancio

Trailer do filme

O documentário Chacal: Proibido fazer poesia é um curta que se propõe a narrar a estadia de Ricardo Chacal junto à Universidade de Harvard, nos EUA. O filme foi rodado em abril de 2014, na ocasião em que o poeta marginal foi convidado pelo Department of Romance Languages and Literatures a fazer parte de um evento: a Brazilian Week, organizado pelos professores e alunos do Departamento, dentre eles o saudoso Prof. Dr. Nicolau Sevcenko.

O filme, que conta com direção de Rodrigo Lopes de Barros, pretende-se uma obra colaborativa entre os realizadores e o artista; mais do que um mero diário da passagem de Chacal por Harvard (como pode parecer num primeiro momento), a fita documenta suas performances, explora suas memórias; de suas obras, da cena política e do contexto artístico em que começou a produzir. Colaborar talvez seja o termo mais acertado para definir a função da direção.

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